De forma geral, vivemos em sociedades extremamente conectadas e de fácil acesso à internet. E apesar das muitas vantagens da tecnologia na infância, práticas de intimidação, humilhação e perseguição no ambiente online também se tornam cada vez mais comuns entre os jovens. Por conta disso, falar sobre bullying virtual (ou cyberbullying) com crianças e, sobretudo, adolescentes é uma medida bastante necessária. No entanto, como abordar esse assunto com os pequenos e pequenas? Confira algumas dicas para introduzir esse assunto tão importante na sua casa desde cedo!
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Nos últimos anos, sobretudo durante os períodos de isolamento social, o uso da internet e das redes sociais se tornou cada vez mais intenso. Além disso, por conta do ensino a distância, muitas crianças e adolescentes passaram a utilizar dispositivos eletrônicos para estudar, se comunicar e se divertir, como celulares, computadores e tablets.
Assim, os jovens também estiveram cada vez mais conectados, seja para os estudos, pesquisas escolares, brincadeiras com amigos e conversas com entes queridos, por exemplo. No entanto, neste mesmo período, cresceram também os casos de violência virtual sofridas por crianças e adolescentes. E esse dado levanta um alerta muito importante para pais, mães, pessoas responsáveis e educadores em todo o mundo.
No Brasil, no dia 07 de abril, é comemorado o Dia Nacional de Combate ao Bullying e à Violência na Escola. A data tem como objetivo estimular o debate e encontrar meios saudáveis para diminuir a prática do bullying no convívio escolar. Isso porque o bullying é a violência sistemática, física ou psicológica, que geralmente ocorre no ambiente da escola.
Já o cyberbullying é o bullying praticado no ambiente virtual, por meio da internet, o que pode dificultar a sua identificação. Por isso, os adultos precisam estar muito atentos aos espaços, físicos ou virtuais, frequentados pelas crianças e adolescentes.
Segundo a Nethics Educação Digital, aqueles que praticam o bullying ou o cyberbullying têm a intenção de humilhar, agredir ou intimidar suas vítimas. Assim, causam dor, sofrimento, desequilíbrio, angústia e muitos outros danos físicos, psicológicos e emocionais.
Além disso, de acordo com a Lei 13.185/2015, há uma série de tipos de bullying:
- Verbal: quando há insultos, xingamentos e apelidos pejorativos;
- Moral: quando o agressor difama, espalha boatos e acusa a vítima de crimes não praticados por ela;
- Sexual: quando ocorre assédio, indução ou abusos sexuais;
- Social: quando o agressor ignora, isola ou exclui a vítima;
- Psicológico: quando existem ameaças, perseguições, intimidação e chantagens;
- Físico: quando o agressor atua com violência física;
- Material: quando os pertences da vítima são furtados, roubados ou destruídos;
- Virtual: quando as ofensas ocorrem na internet ou quando a violência envolve a disseminação de conteúdos digitais.
Diante de tudo isso, quando começar a falar sobre o bullying e o bullying virtual com as crianças? E quais sinais devem ser observados nos jovens que sofrem violência nas redes? Venha conosco e descubra como ajudar as crianças e os adolescentes que sofrem com essa violência. Acompanhe!
Por que falar sobre bullying virtual com as crianças?
Quando falamos de bullying virtual, falamos de uma versão bastante cruel e devastadora do bullying. Isso porque a violência cometida através da internet e das redes sociais pode ganhar uma proporção gigantesca, já que as ofensas, imagens e vídeos podem ser compartilhados a exaustão pelos agressores. Além disso, costuma ser mais difícil apagar os registros virtuais, o que perpetua a violência nos espaços digitais.
Ainda, vale ressaltar que o mundo virtual abriu uma falsa janela de impunidade para os seus agressores. Afinal, o anonimato permitido pela internet pode levar a crer que ali tudo é permitido e nada gera consequências. E infelizmente, pode ser muito fácil criar um perfil falso, apenas com o intuito de praticar o cyberbullying com outra pessoa.
Contudo, sabemos que não é bem assim: as telas de computadores e smartphones não extinguem ninguém de ser responsabilizado por seus atos. É possível rastrear as pessoas que atuam no bullying virtual e existem punições para aqueles que compartilham conteúdos ofensivos na internet, tanto na esfera penal quanto civil. Ou seja, aquele que comete o crime pode ser punido com reclusão, detenção e multa, além de obrigações indenizatórias.
Apesar disso, pode ser difícil identificar os primeiros sinais do bullying se os adultos não estiverem bastante atentos. Há, por exemplo, um limite sensível entre as brincadeiras e a violência sistemática. Portanto, é necessário bom senso e atenção, tanto para perceber se seu filho está sofrendo bullying ou até praticando bullying.
E o cenário pode se complicar ainda mais quando falamos do cyberbullying: embora no ambiente virtual os insultos se multipliquem de forma rápida, os adultos precisam conhecer as comunidades frequentadas pelas crianças e adolescentes para ter contato com os materiais utilizado para a violência. Ou seja, é necessário controlar e estar ciente sobre os espaços virtuais frequentados pelos jovens.
Dessa forma, é fundamental conversar sobre bullying virtual com as crianças. Para além do cuidado com os pequenos e pequenas, essa é uma questão de cidadania digital. Afinal, é papel dos adultos orientarem as crianças sobre como agir no ambiente virtual.
Como falar sobre bullying virtual com as crianças?
Não basta apenas abordar o bullying virtual quando as crianças já são vítimas ou até agressoras, tudo bem? Essa conversa de conscientização sobre o bullying virtual deve ser iniciada muito antes, já que o objetivo é justamente evitar que essa violência aconteça entre os jovens.
Por isso, desde o primeiro contato dos pequenos e pequenas com a internet, é necessário expor os perigos dos ambientes virtuais. Pouco a pouco, de acordo com a idade da criança, vá ensinando sobre como funciona a internet, o que são as redes sociais, quais informações elas devem e não devem compartilhar no ambiente digital e, finalmente, como elas devem se comportar nesses espaços.
É preciso proteger as crianças na internet e, para isso, é importante manter um diálogo aberto, além de estar por perto e impor limites. Assim, é possível criar um espaço seguro, onde as crianças consomem apenas conteúdos adequados para sua faixa etária. Além disso, garante que os pequenos e pequenas não tenham receio de dividir suas aflições ou de pedir a ajuda dos adultos, caso se encontrem em uma situação desconfortável e até de violência.
Por fim, conforme as crianças crescem, é fundamental conhecer bem o seu comportamento online. Para além de conversar sobre seus hábitos na internet, monitore os perfis, limite o tempo de uso e observe atentamente tudo que seu filho ou filha faz enquanto está conectado.
Mas isso não seria invasão de privacidade? Não! Trata-se de prevenção e cuidado. Afinal, toda criança e adolescente precisa da supervisão de pessoas responsáveis. Nesse sentido, conversar sobre o assunto e monitorar os pequenos e pequenas enquanto utilizam a internet são os melhores caminhos para evitar o bullying virtual.
Fique atento às mudanças de comportamento das crianças
Crianças e adolescentes que sofrem violência, como o bullying virtual, tendem a mudar de comportamento em casa, na escola e encontros sociais. Por isso, é tão importante que pais, mães, pessoas responsáveis e também educadores estejam atentos a toda e qualquer mudança comportamental repentina dos jovens.
E vale lembrar que tais alterações de humor podem acontecer de muitas formas: as crianças podem tornar-se mais agressivas ou então mais retraídas, tímidas ou amedrontadas, por exemplo. Além disso, podem não querer ir à escola ou às festas, podem evitar brincar na quadra do condomínio e apresentar crises de choro e desespero sem qualquer motivo aparente.
Diante dessas situações, busque conversar e colocar-se à disposição. Não cobre por respostas imediatas, mas converse de maneira tranquila e aborde o tema de forma não direcionada, sobretudo em um primeiro momento. Isto é, deixe que a criança se abra de forma espontânea.
Aos adultos, cabe passar a segurança necessária e demonstrar apoio, para que as crianças não se sintam acuadas, pressionadas ou ainda envergonhadas pela situação de violência. E lembre-se de acolher os sentimentos e emoções dos jovens, quaisquer sejam eles.
Busque ajuda profissional
É importante que os pais, mães e pessoas responsáveis não tentem enfrentar o bullying virtual sozinhos. Ou, ainda, que incentivem as crianças e adolescentes a reagirem por conta própria às agressões e exposições que podem estar sofrendo na internet.
Ao contrário, buscar por ajuda profissional é fundamental para superar os traumas causados pela violência virtual. Então, quais profissionais podem ajudar? Psicólogos, terapeutas e psicopedagogos são os mais indicados para enfrentar o problema do bullying virtual junto com toda a família.
Além disso, caso o agressor não se disponha a apagar o conteúdo violento ou se o material já for compartilhado por terceiros, é possível utilizar medidas legais para tentar conter essa exposição. Nestes casos, é recomendado procurar por um(a) advogado(a) que seja especialista em direito digital.
E vale lembrar que não é apenas a vítima que precisa de acompanhamento profissional, mas o agressor também. Afinal, a criança ou adolescente que sente prazer ou necessidade de agredir, expor e humilhar um colega, merece a devida atenção. Por isso, se seu filho ou filha for o agressor, também não hesite em buscar ajuda profissional.
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