A conversa entre pais e filhos no mundo real é necessária

set 2, 2021 | Educação & Tecnologia

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Tanto quanto divertida, a vida online pode ser perigosa. Conhecer os perigos a que crianças e adolescentes estão sujeitos é fundamental para se criar mecanismos e estratégias que as mantenham mais seguras e preparadas. No entanto, pesquisas indicam que, ainda que os pais possam conhecer alguns desses perigos, poucos conversam a respeito com seus filhos por acreditarem que “os seus” jamais poderiam estar entre as vítimas, o que é um grande equívoco. Com um único clique, crianças e adolescentes podem ficar vulneráveis a acessos inadequados para sua capacidade de compreensão, podem ofender ou serem ofendidos, expor demais a própria privacidade e da família. E quando não são vítimas, cometem, muitas vezes e sem saber, inúmeras infrações. É aí, por exemplo, que se cria um campo fértil para a proliferação do bullying ou a prática mais comum desta categoria: o cyberbullying. Por isso, é necessário a conversa entre pais e filhos no mundo real antes de entrar para o virtual.

A conversa entre pais e filhos é necessária e urgente

É urgente e necessário que se estabeleçam mais conversas e escutas com os filhos no mundo real. Se a interação com o mundo virtual é irreversível, é preciso guiar, mostrar caminhos e, acima de tudo, entender como seus filhos se conectam. Muito se fala hoje sobre a importância de criar mais experiências reais de vida, conviver, sentir, mas pouco se faz. Por quê? Porque dá trabalho. É mais fácil dizer sim ao não, é mais fácil assistir à TV e entregar o gadget do que conversar, é mais fácil acreditar em nossas verdades a se colocar no lugar do outro. Prevenir os filhos dos perigos do mundo virtual também dá trabalho. É preciso conversar, é preciso pesquisar, ler sobre o tema, mostrar exemplos, acompanhar, falar sobre respeito ao próximo. Entre outras questões importantes para se criar cidadãos preparados para a vida, cada vez mais guiada pelos recursos tecnológicos.

Softwares de controle parental são ferramentas auxiliares importantes

Sempre digo que a internet veio para resolver muitas coisas, inclusive os problemas que não tínhamos antes dela. Imagine que há lugares no mundo com semáforo no chão para evitar acidentes com pessoas que caminham hipnotizadas no celular e até softwares que indicam a hora de desconectar do celular para dedicar-se à família. Assim, como não haveria de existir um software que filtrasse conteúdo inadequado às crianças, que indicasse a hora de sair da internet e, melhor, emitisse um relatório aos pais sobre os acessos realizados por seus filhos? Afinal, diferente dos pais, a internet “consegue” estar 24 horas disponível para os filhos. 

Os softwares de Controle Parental ou Controle dos Pais são ferramentas auxiliares para segurança de crianças e adolescentes. São auxiliares porque sozinhos não mudam comportamento ou esclarecem os motivos pelos quais o uso da tecnologia deve ser ponderado, seguro e consciente.

O que essas ferramentas fazem?

Com a ajuda dessas ferramentas é possível verificar e gerenciar a forma como crianças e adolescentes utilizam a internet. Assim como limitar o tempo de permanência, estabelecer um determinado horário para utilização, bloquear o acesso a sites e conteúdos considerados inadequados, controlar o uso das redes sociais, jogos, programas e até mesmo impedir downloads, quando necessário. Essas, são apenas algumas das funcionalidades oferecidas por estas ferramentas.

Muitos ainda fornecem relatórios periódicos contendo informações relativas aos acessos. Tais como: relação dos sites visitados, nomes, endereços de e-mail e horários de conversas mantidas durante o período de monitoramento, dentre outros dados.

Lembre-se: são ferramentas auxiliares

Nada substitui o diálogo e a orientação. Até porque, o acesso à internet e a tudo que oferecem as novas tecnologias, não se dá tão somente dos dispositivos de casa. E na casa do amigo? Da tia? Dos avós? No clube?

Precisamos nos envolver, de verdade. Assim como nos preocupamos com sua saúde, com o que comem, se comem, dormem bem, se escovam os dentes, o que vestem, se o professor/escolinha de natação garante mesmo sua total segurança, precisamos saber se o campo de interações virtuais também está preparado para receber nossos filhos. Difícil mesmo acreditar que um jogo, site ou aplicativo que se diz voltado para crianças pode colocá-la em alguma situação de risco. Mas estarmos juntos nos primeiros passeios virtuais é crucial para que não somente mitiguem os riscos. Para que sobretudo aos poucos possam caminhar sozinhos e prontos para lidar com os possíveis obstáculos e armadilhas do caminho. 

Algumas dicas importantes

1. Estabeleça as regras da casa

Defina o que é possível acessar e o tempo dedicado às telas – claro que o período pandêmico exige uma maior flexibilidade, mas como venho dizendo: saúde, valores e segurança não são negociáveis. 

2. Ensine as crianças a proteger a própria privacidade e da família

Por menos que compreendam os riscos que o excesso de exposição pode representar, não deixe de orientá-los a não informar seu nome completo, onde mora, estuda, locais que frequenta e sobre não interagir com estranhos nas redes sociais e chats de games. 

3. Oriente para que não compartilhem suas senhas com ninguém

Nem com o melhor amigo, assim como a realizar as configurações de privacidade de seus perfis e a não acreditar em tudo que vê na internet. 

E aí, as dicas foram úteis para você? Conta para a gente! Lembre-se: a conversa entre pais e filhos é essencial. 

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Alessandra Borelli

Alessandra Borelli

Advogada atuante no Direito Digital, sócia e CEO da Nethics Educação Digital, colaboradora dos Manuais de Orientação da Sociedade Brasileira de Pediatria, autora do Manual de Boas Práticas para Uso Seguro das Redes Sociais da OAB/SP, e outros livros, artigos e cartilhas relacionados ao tema. Alessandra é nossa autora convidada e seus textos não refletem, necessariamente, a opinião do Blog PlayKids.
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