Como ensinar educação financeira para crianças?

jan 21, 2021 | Crianças

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Segundo dados de Rockey, Ron e Nancy, Chosen (Nampa, Idaho: Pacific Press Publishing Association, 2001), na primeira infância, o ser humano aprende mais da metade de tudo que irá absorver em toda a sua vida. Ou seja, de todo conhecimento que guardará ao longo dos anos. Por isso, é tão importante falar sobre como ensinar educação financeira para crianças

Assim, pode-se dizer que o maior peso dos atributos do agir e pensar de uma pessoa encontra-se no desenvolvimento da infantil e isso, com certeza, refletirá na fase adulta.

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC)  é o documento que estabelece as aprendizagens essenciais a serem trabalhadas durante o ensino básico. Em 2020 instituiu-se que a competência “Educação Financeira” é obrigatória no ensino infantil e fundamental. O MEC já homologou o parecer de que as redes de ensino estejam preparadas para inclusão dessa disciplina na grade regular, mas isso ainda é bem novo e terá um tempo de adaptação. Então, cabe às famílias e cuidadores das nossas crianças educá-las financeiramente. 

Criança e dinheiro: como educar sem limitar?

Esta é uma pergunta comum. Afinal, como dar esse acesso, se nós mesmos não tivemos essa base? Como ensinar educação financeira para crianças?

Muitos brasileiros vivem na cultura do endividamento que é entrar com frequência no cheque especial, gastar mais do que recebe, terminar o mês zerado ou negativo. Além disso, não costumam ter reserva financeira, passam tudo no cartão de crédito, sem controle de parcelamento ou sem uma programação e organização.

Acreditamos muito que a educação faz a diferença. Como nunca tivemos essa disciplina na base, essa ausência reflete e impacta diretamente nos números de 211,8 milhões de brasileiros. Segundo dados do Banco Central, deste total 85 milhões de brasileiros estão endividados (com contas parceladas) e, dados do Serasa Experian, 63,8 milhões estão inadimplentes (que estão em atraso nas dívidas).

Respira, que tem salvação! Reunimos algumas ferramentas para aplicar com as crianças. Assim, podemos melhorar esse cenário para quando elas forem adultas.

8 ferramentas para ensinar educação financeira para as crianças

1. Exemplo: elas se espelham nos adultos que convivem.

As crianças chegam muitas vezes e nos ensinam a ensinar. Já ouviu aquela máxima de que aprendemos por imitação? E é verdade, nós e elas aprendemos muito mais através da observação e prática! Então, se você nunca teve acesso à educação financeira, tem hábito de parcelar todas as suas compras, e por vezes acaba inadimplente, está aí uma excelente oportunidade. Uma forma de melhorar esse hábito e praticar com o seu filho ou filha tudo que for aplicando e melhorando nas suas finanças.

2. Educação: parece clichê, mas isso é a única coisa que não nos podem tirar.

Hoje em dia com a tecnologia a informação está para todos. Existem pessoas bem conceituadas e habilitadas nas redes sociais com didática simples e de forma gratuita. Elas ensinam para que todos entendam e possam aprender sobre poupar, aplicar e se organizar financeiramente.

3. Atenção: fique de olho nas crenças que limitam a relação com o dinheiro.

As crianças entendem tudo, mas são folhas em branco, aprendendo e formando seus conceitos. Elas ainda não tem total noção do certo e do errado. Por exemplo, se você falar que amarelo é ruim, que colocar a meia do avesso é errado, ela irá acreditar e tornar aquilo verdade e replicar.

A mesma coisa acontece com dinheiro. Se falarmos que dinheiro é sujo, que quem tem não se importa com as pessoas, que dinheiro não dá em árvore ou até “nasceu pobre, vai morrer pobre”, entre muitas coisas que muitos de nós já ouvimos quando éramos crianças. A chance disso impregnar e a criança levar a diante é alta.

4 . Converse: fale sobre dinheiro.

Converse sobre dinheiro, sobre as despesas da casa e sobre os objetivos que você e sua família têm de compra na frente das crianças.

Não deixe que esse assunto seja um tabu. Essa conversa faz parte da rotina, inclua a criança nas decisões que ela pode tomar entre uma determinada compra. A criação de autonomia sobre o dinheiro facilita e não bloqueia para fase adulta.

Dessa forma, é importante também falar sobre fazer uma reserva financeira caso algo dê errado. Você pode fazer isso explicando que as coisas quebram, precisam de reparos ou que às vezes é necessário trocar por novas. Mas, é importante explicar também que com planejamento, você não precisa se endividar.

5. Práticas: explique sobre mesada ou recompensas

Aos menores de 6 anos, muitas fontes indicam para o cofrinho. Vale associar e ensinar a contar as moedas para iniciar essa relação de quantidade, mas sinceramente, eu acredito que cada vez mais o dinheiro de papel e moedas será escasso, essa geração já nasce na tecnologia. Nessa idade vale dar a relação de grandeza quando for comprar algo para eles, explica que o mesmo dinheiro, dá para comprar 1 brinquedo maior ou 2 pequenos e deixe ele escolher.

Após os 7 anos, ou um pouco antes em alguns casos, para as famílias que acharem o momento ideal, vale dar um valor por mês, a famosa “mesada”. Assim, você pode ensinar para que eles saibam que tem somente aquele dinheiro por mês para seus desejos.

Quando ele quiser algum item que seja maior do que o valor que ele receba por mês, você tem uma excelente oportunidade para ensinar a guardar (poupar/aplicar) e juntar os meses para atingir esse objetivo maior.

O objetivo aqui é conscientizá-los sobre seus gastos, suas vontades e como se planejar para conquistá-las.

6. Bancos Digitais: são os novos cofres de porquinhos.

Abra uma conta digital para seu filho, quando ele começar a receber a mesada pode ser por essa conta. Alguns bancos digitais não têm tarifas e a maioria tem no próprio aplicativo como aplicar em rendas fixas e de liquidez diária, que rendem, quando ele e você verem aumentar o dinheiro que deixou lá, irão amar, garanto.

7. Diversão: use jogos e livros à seu favor.

Tem coisa melhor do que brincar e ensinar?

Existem alguns jogos de tabuleiro que exemplificam de forma lúdica, a relação de compra e venda, a remuneração mensal ou relação de barato e caro.

Além disso, existe uma infinidade de jogos on-line com foco em educação financeira. Basta colocar no Google que você encontrará muitos. Uma dica aqui é, antes de fornecer ao seu filho, por ter uma variedade de jogos, jogue e teste antes, para ver se tem afinidade com os valores e ensinamentos da família.

E já tem alguns livros bem didáticos direcionado para as crianças que educam financeiramente de forma simples e divertida.

8. Diferenças: explique sobre o essencial e o desejo.

Muito importante na relação com o dinheiro, é ensinar que os itens essenciais às necessidades são mais importantes que os itens de desejo. Assim, você mostra que em alguns momentos terá que desistir de comprar um item desejado para cobrir alguma necessidade. Traga para a prática e exemplifique em casa quais são os itens essenciais, como: alimentos, roupas, higiene, etc. Mostrar coisas que as crianças consigam tocar facilita o entendimento.

E assim, quanto mais ferramentas dermos para as crianças desde cedo para formarem bons hábitos financeiros, mais chances de serem adultos bem resolvidos na organização de dinheiro.

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Juliana Lopes

Juliana Lopes

Co-founder e CFO na B2Mamy, mãe do Dante, empresária há mais de 10 anos, sempre à frente do controle financeiro. Especialista em finanças para pequenas empresas e startups, apaixonada por números, planilhas e controles. Conselheira na Wishe Women Capital e mentora em eventos de inovação como Hackathons e SWs. Juliana é Colunista B2Mamy, nossa autora convidada, e seus textos não refletem, necessariamente, a opinião do Blog PlayKids.
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