Começa logo que as crianças nascem: o medo de ficar sem a mãe (ou a pessoa que acaba cumprindo esse papel). Depois, elas passam pelos medos de seres imaginários, como bicho-papão, saci-pererê, bruxas, fantasmas, vampiros, o mostro dentro do armário. Medo do escuro, de trovões, de palhaços, de tiros, de bombas, da morte… O medo depende não só da idade, mas também do contexto social em que cada criança vive. Mas, por que sentir medo é importante para o desenvolvimento?
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O medo nos acompanha pela vida toda!
Muitas crianças também têm contato com o medo de animais como cobras, aranhas, baratas ou ratos, e isso pode permanecer até a vida adulta, onde os medos evoluem para situações mais reais: violência, desemprego, exposição em público, julgamentos alheios, abandono.
O medo é uma das emoções que nos acompanha desde que nascemos e é compartilhado entre todos os mamíferos, de acordo com a neurociência moderna.
Se você já assistiu ao filme Inside Out (Divertida Mente, em português, 2015), da Pixar, deve ter notado que o Medo está sempre atento para evitar que crianças e adultos se coloquem em situações de risco.
Para os animais, é o medo que evita serem pegos por predadores e os mantém vivos diante de perigos. Para nós, humanos, é muito mais do que sobrevivência.
Sim, sentir medo é importante para o desenvolvimento!
Muitas vezes, para evitar que as crianças percam o sono ou deixem de cumprir atividades do dia a dia como ir para escola, ir ao dentista ou dormir no escuro, nós repetimos que elas não precisam ter medo.
Mas a verdade é que, se até para nós, adultos, o medo é uma emoção constante, como cobrar de uma criança que ela não sinta receio principalmente do que não conhece?
Mais do que serem aconselhadas a não sentir medo, é importante que as crianças normalizem esta emoção, que evita muitas vezes que elas se envolvam em situações perigosas.
Por que? Muito simples: os medos mudam, mas não desaparecem e podem ser sintomas de questões mais profundas que devem ser tratadas ainda na infância.
Incentive sua criança a expressar esse sentimento
As crianças devem ser incentivadas a expressar seus medos, seja falando ou desenhando, e é importante que pais, mães e cuidadores ou cuidadores estejam atentos ao que cada medo pode significar.
O medo do escuro, por exemplo, é um clássico entre as crianças, mas será que é realmente por causa do escuro (desconhecido) ou existe alguma coisa a mais na expressão deste medo?
Para isso, além de mostrar que o medo não precisa ser um impeditivo para as crianças arriscarem coisas novas, é importante que os adultos também expressem seus medos, para que as crianças entendam que se a mamãe, o papai, a vovó, o vovô, a titia ou o titio sentem medo, elas podem sentir também.
Coragem não é ausência do medo!
Ensinar para as crianças que coragem não é a ausência de medo, mas a possibilidade de enfrentar o medo, quando necessário, é uma forma de ensinar vulnerabilidade de uma forma sadia.
Muitos de nós levamos para a vida adulta medos considerados infantis porque não soubemos resgatá-los do passado e ressignificá-los (o que a psicologia chama de elaboração).
Expressar os medos ajuda as crianças a se crescerem mais empoderadas, com muito mais confiança em suas próprias emoções. Além disso, tornar mais fácil o processo de lidar com os medos, sejam os infantis ou os de gente grande.
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