Os adultos e as crianças mentem por motivos semelhantes: medo de não agradar ou receber uma punição, ganho pessoal, impressionar ou proteger alguém ou ser educado. Como lidar com mentiras das crianças?
Para ajudar você, pai/mãe ou responsável, a conversar sobre esse tema com os pequenos, montamos uma seleção especial de desenhos no PlayKids sobre o comportamento de mentir. A curadoria “Mentira tem Perna Curta” leva em consideração variadas faixas etárias já que o ato de mentir fica complexo a partir do desenvolvimento infantil. Desta forma, diferentes tipos de intervenção parental também são necessárias.
Confira algumas dicas de como lidar com mentiras
1. Entre 2 a 4 anos:
As crianças ainda estão desenvolvendo a moralidade, logo, muitas vezes a linha entre verdade e mentira é invisível por estarem aprendendo a distinguir entre realidade, sonhos, fantasias e medos. No episódio “Não fui Eu” de Charlie e Lola, observa-se que Lola, por receio de desagradar ou ter uma consequência negativa pela sua ação, não admite que foi a responsável por derrubar e quebrar o foguete de seu irmão. Ela diz a famosa resposta infantil: “Não fui eu!”.
Caso este tipo de situação ocorra, busque uma resposta diplomática que incite a dúvida frente a este comportamento. No caso da situação do desenho, o irmão ou responsável poderia questionar: “Você viu quem foi? Eu gostaria de convidar a pessoa para consertarmos juntos o foguete.” Deste modo, evita-se entrar em uma discussão sobre o possível culpado e aponta-se para a criança de que a ação dela poderá ser acolhida e possivelmente reparada.
Até 3 anos, a melhor aposta para lidar com mentiras é estimular a sinceridade e a construção da confiança dentro dos relacionamentos. Por sua vez, após os 4 anos já é recomendado falar sobre o comportamento e suas consequências de maneira franca e direta com a criança. Perguntando então sobre o que ela estava sentindo quando mentiu e trazendo as consequências desse comportamento para o desenvolvimento de relações saudáveis.
2. Entre 5 e 8 anos:
Nesta fase, as crianças já possuem um pensamento mais estruturado e estão lidando com o aumento das responsabilidades. Então, podem estar usando a mentira como um subterfúgio para fugir de um contexto desconhecido o qual elas ainda estão se adaptando. As mentiras desta faixa etária são simples de serem detectadas.
Nos episódios “Levar bronca por quebrar algo” e “O Vaso Quebrado” dos desenhos Chapeuzinho de Todas as Cores e O Diário de Mika, disponíveis em nossa seleção especial, as personagens pensam em utilizar a mentira para evitar uma bronca ou castigo dos responsáveis. Usam isso em um contexto em que é a primeira vez que quebram algo estimável pelos mesmos e lidam de diferentes formas com a situação conforme nomeiam o que estão sentindo.
A utilização de narrativas e livros infantis que abordam o tema são ótimas ferramentas para trabalhar a identificação com a ação dos personagens, ampliar estratégias de resolução de problemas e refletir sobre o papel da honestidade no cotidiano. Em conversa com a criança, é importante não ser omisso ou autoritário. Mas mantenha um tom em que se expresse o quanto você se preocupa e entende aquele comportamento e por isso quer ajudá-la a pensar antes de falar ou agir.
3. Entre 9 e 12 anos:
Nesta faixa etária, as crianças estão estruturando sua identidade e seus pertencimento a grupos identitários, logo a construção e manutenção de relacionamentos é de extrema importância para elas. Elas também possuem uma noção mais coesa de certo e errado, desta forma, a culpa após mentir é mais presente. No episódio “A Verdade Cantada” do desenho Nina Perguntadeira, a personagem descobre o quão difícil é contar a verdade em certas situações sociais, especialmente, quando não se deseja magoar um amigo.
O episódio é um ótimo recurso para compartilhar com as crianças e refletir sobre a força da honestidade e ética na manutenção dos relacionamentos. Converse com a criança sobre a dificuldade em dizer sempre a verdade e ilustre com exemplos pessoais. Também, pensem em como lidar com todas essas situações em que ser sincero parece ainda mais desafiador.
Ser um modelo é essencial
Algumas formas de encorajar a honestidade se relacionam com dois comportamentos do próprio adulto: a forma como reagimos à mentira e a utilização da mentira por familiares. É importante focarmos na coragem da criança quando ela conta a verdade, agradecendo-a por ter compartilhado aquela informação. Elogiar é mais eficiente do que punir. A criança é capaz de analisar o custo e o benefício de falar a verdade, caso ela aprenda logo cedo que o custo é muito alto e a mentira é útil para evitá-lo, ela optará com frequência pelo ato de mentir. Logo, acolher o medo e a dificuldade da criança em ser honesta a auxilia a entender que ela possui um ambiente seguro para errar e encontrar formas de agir de forma diferente.
Utilizar elogios insinceros em relação às produções da criança e mentiras para se adequar às expectativas sociais servem como exemplo. Elas irão projetá-los dentro do seu próprio contexto inter-relacional, acreditando que mentir é uma estratégia eficaz e corriqueira para lidar com situações às quais não conhece outros tipos de comportamento mais adequados.
A mentira é um aspecto natural dentro do desenvolvimento infantil e deve ser tratada como tal. No entanto, se este comportamento estiver associado a comportamentos agressivos ou ser muito frequente, busque apoio profissional. No entanto, é importante aprendermos a como lidar com mentiras.
Leia mais:
0 comentários